terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Mecanografia



A mecanografia, ou indústria de máquinas de escrita mecânica (máquinas de escrever, de taquigrafia, calculadoras), surgiu da necessidade de se aumentar o rendimento do trabalho humano e eliminar uma parte considerável do esforço físico do ato de escrever e de calcular.  

As máquinas progrediram muito em função das teorias de divisão do trabalho e do automatismo. Considerava-se que o serviço mecânico, quando bem-organizado e bem-aproveitado, oferecia uniformidade, garantia, perfeição e rapidez raramente encontrados na ação manual.


Máquinas de Escrever

A máquina de escrever foi inventada em 1713 pelo engenheiro inglês Henry Mill. Mas há muita controvérsia a respeito, pois mais de um inventor reclamou para si a autoria.

O mecânico norte-americano Charles Thuber aperfeiçoou a invenção de Mill e apresentou em 1843 um modelo mais desenvolvido e mais rápido. Antes de Thuber lançar seu novo invento mecânico, porém, o italiano Pellegrino Turri já introduzira, em 1808, o sistema de teclado, e o norte-americano Burth, o inglês Jenkins e o marselhês Pogrin, em épocas diferentes, também já haviam, cada qual, colaborado para o aperfeiçoamento da máquina criada por Mill.

Mas o modelo mais próximo ao das máquinas de escrever modernas foi criado nos Estados Unidos em 1868 por Sholes e Glidden e batizado com o nome dos seus inventores. A dupla, financiada pelo industrial do petróleo James Densmore, lançou a sua máquina no mercado em 1876, com o nome de Remington, por ser fabricada tecnicamente nas oficinas da firma Remington Arms Company.

Esta máquina de escrever datilografava somente em letras maiúsculas e apresentava o teclado QWERTY, que é usado até os dias de hoje. O teclado foi projetado provavelmente separando as teclas mais usadas das outras não tão utilizadas, e de modo que elas não se chocassem no momento em que eram pressionadas.

A S&G foi considerada uma máquina decorativa, pois tinha como ornamento decalques pintados com motivos florais. Como a maioria das máquinas de escrever, tinha um sistema de teclas consideradas “blind” ou “understroke” (cegas ou de batida para baixo), arrumadas em uma cesta circular sobre a moldura do vidro do original, de forma que o datilógrafo era obrigado a levantar o carrinho para visualizar o seu trabalho.

Um outro exemplo deste tipo de máquina é a Caligraph de 1880, a segunda máquina de escrever a aparecer no mercado norte-americano.

Foi Spiro quem primeiro resolveu, de modo satisfatório, o problema da escrita visível, com a sua máquina Bar-Lock, ainda que Brooks, em 1871, tivesse esboçado uma solução semelhante. Porém, a principal reforma introduzida no aparelho de Mill, e que impulsionou o progresso da máquina de escrever, foi feita pelo padre brasileiro Francisco João de Azevedo.

O padre Azevedo era profundo conhecedor de matemática e hábil mecânico. Partindo do princípio geométrico de que “todos os pontos de uma circunferência distam igualmente do centro”, criou uma máquina inteiramente diferente na maneira de impressão.

Chamou-a de mecanógrafo e a apresentou pela primeira vez na Exposição Provincial, Agrícola e Industrial de Rio de Janeiro, onde conquistou Medalha de Ouro e Menção Honrosa. Apesar do prêmio, o governo negou-lhe auxílio financeiro para incrementar seu invento.

A proposta de ajuda para comercializar a invenção partiu de um norte-americano, que sugeriu ao padre Azevedo estabelecer-se nos Estados Unidos para desenvolver seu aparelho. Este, julgando-se velho demais para a empreitada, confiou sua invenção ao norte-americano, sem exigir nada em troca.Tempos depois, em 1868, apareceu no mercado o modelo idealizado pelo brasileiro.

Dois projetos inteiramente diferentes de máquinas de escrever que não usaram o sistema de teclas de barra foram introduzidos nos Estados Unidos durante os anos de 1880 e 1890. Um desses projetos foi a máquina de escrever chamada de type wheel (tipo roda), exemplificada pela máquina de Blickensderfer. Caracterizava se pela montagem na parte externa de um único cilindro, que rodava e movia se para cima e para baixo conforme a ação das teclas.

O teclado QWERTY se tornou o teclado universal, derrotando todos os outros inventados. Mas nem todas as máquinas de escrever usavam esse sistema, e muitas não datilografavam com teclas, a exemplo da engenhosa Hammond, introduzida em 1884.

A Hammond apareceu no mercado com seu próprio teclado, caracterizado por duas fileiras (binário) e por ser curvo. Imprimia com o auxílio de tipos em forma de peças de borracha vulcanizada, que podiam ser facilmente trocados. Não havia nenhuma moldura sobre o rolo cilíndrico onde ficavam presos os originais, como em máquinas de escrever de teclas, de forma que o papel era batido de encontro ao tipo por um martelo. Outra máquina dotada deste mesmo sistema de datilografia era a Crandall (1881).   
    
O esforço para se criar uma máquina melhor que permitisse a visualização do trabalho levou à invenção de várias engenhocas, como a Williams e a Oliver.
A Daugherty, de 1891, foi a primeira máquina de escrever com frontstroke a entrar em produção. Ou seja, uma máquina em que os tipos descansavam abaixo do cilindro e batiam em sua parte dianteira, tornando a sua escrita visível.

Com a Underwood, de 1895, este estilo de máquina de escrever começou a se disseminar. Pelos idos de 1920, todas as máquinas de escrever tinham características com escrita visível e o teclado QWERTY. As teclas, quando pressionadas, imprimiam o tipo com o auxílio de uma fita que se localizava entre o tipo e o papel. O modelo mais popular da Underwwod foi a n.º 5.

As primeiras máquinas apenas imprimiam caracteres maiúsculos, e foi Brooks quem conseguiu a impressão dos dois tipos de caracteres – maiúsculos e minúsculos.

As primeiras máquinas portáteis, que trabalhavam com teclas de barra, foram introduzidas em 1912. Estas máquinas de escrever não eram maiores do que um dicionário e eram perfeitas para escritórios. As noiseless (máquinas silenciosas), que se tornaram muito usadas após a 1ª Guerra Mundial, usavam um sistema de alavanca sobre as teclas de barras que reduzia o ruído das teclas.

A Noiseless Typewriter Company foi comprada pela Remington em 1924. Em 1931, esta empresa começou a introduzir no mercado suas próprias máquinas de escrever, apresentando vários modelos e aumentando a extensa lista de máquinas portáteis já existentes.
 
As máquinas de escrever elétricas se tornaram mais usadas a partir de 1925, com destaque para a Business Machines Corporation (IBM). Nesta máquina, um mecanismo movido a motor executava o trabalho real de levantar a tecla de barra e de golpeá la de encontro à fita, assim como de retornar o carrinho e girar o cilindro de borracha na extremidade da linha.

Como as teclas eram usadas apenas para baixo, ativando o mecanismo elétrico, a pressão usada pelo operador era menor do que em máquinas de escrever mecânicas convencionais, e, em conseqüência, o operador podia datilografar mais rapidamente e com menos esforço. Uma outra vantagem importante era a impressão uniforme das letras.

As primeiras máquinas possuíam teclado completo ou duplo, em que cada tecla correspondia a uma única letra, a um único algarismo ou sinal. Eram teclados compostos por 96 teclas, mais ou menos.

As letras maiúsculas, algarismos e alguns sinais eram em teclas pretas, e as minúsculas e alguns sinais em teclas brancas. Exemplos de marcas com este tipo de teclado: Smith-Premier, Jewel, Yost, Bar-Lock.

Com o objetivo de facilitar o manejo, fabricantes criaram o teclado simples, no qual cada tecla imprimia dois caracteres. Porém, a disposição dos caracteres variava de modelo para modelo, o que causava muita confusão.

Para uniformizar os teclados, foi promovido, em 1907, em Paris, o Congresso Datilográfico, que deu origem ao teclado universal, com 47 teclas. Este teclado sofre apenas ligeiras alterações, em função das diferenças de sinais e caracteres entre países. Utilizam os teclados universais as máquinas: Burroughs, Remington, Royal, Underwood, Kappel, Mercedes, Monarch, Ideal, Continental, Smith, Olímpia, Imperial, Rheinmetal, Hermes, Everest, Siemag.

Atendendo à necessidade de construção de um modelo portátil, de pequeno peso, foi idealizado o teclado combinado, no qual cada tecla serve para a impressão de todos os tipos que ela contenha. Este teclado compõe-se de 33 teclas. São deste modelo: Adler, Empire, Corona, Ericka, Dactile, Imperial.

Há outros tipos que fogem completamente ao princípio das acima citadas, que são: de teclado circular (Lambert e Vinotype) e a de ponteiro móvel (Mignon).

Divergindo das demais máquinas somente no princípio da impressão, pois possui teclado universal e tem construção semelhante, a máquina Hammond escreve por um processo especial em todos os idiomas, com os respectivos caracteres. Em lugar das barras de tipo, ela tem uma roda onde se adaptam os caracteres correspondentes ao idioma usado. As tiras são fornecidas com os caracteres desejados.

Algumas das máquinas acima, como a Remington, Underwood, Burroughs, têm o movimento do carro elétrico. A Mercedes e a Eletromatic apresentam também o teclado de toque elétrico.

Os teclados das máquinas de escrever mais modernas eram feitos, em geral, de baquelita preta, com os caracteres brancos. Eles vieram substituir os antigos de vidro sob o metal, que produziam reflexos que confundiam os datilógrafos.

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